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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Copi em "Silêncio Profundo" no Porto

O Maria vai com as outras, no Porto, vai acolher a partir de dia 20 de Outubro a peça Silêncio Profundo, uma adaptação de Tó Maia da obra de Copi, O Homossexual ou a Dificuldade em Exprimir-se.
Adriano Barrias, Gina Mendes e Hernâni Miranda são os intérpretes desta peça inspirada numa das mais alucinantes criações do controverso dramaturgo argentino, um jogo em que o espectador se vê confrontado com a dúvida permanente sobre a identidade dos personagens.
Hernâni Miranda e Tó Maia aproveitaram o espaço da cave do Maria vai com as outras, na Rua do Almada, para recriar o ambiente do degredo soviético em que se passa a peça. A interacção dos três personagens sustenta assim todo o espectáculo, com as suas verdades e dúvidas sobre a/as identidades de cada um.
Para não perder, esta iniciativa do Armazém NúmerUm, que assina a produção.
M.F.

"Coisas que nunca", de Inês Lourenço

Um livro condensado, lúcido e mordaz, este Coisas que nunca, de Inês Lourenço, lançado em Agosto pela & Etc. A poeta, do Porto, já foi editora de uma revista de poesia (Hífen -  Cadernos de Poesia), na qual lançou muitos novos talentos das letras portuguesas.
Dividido em três partes (Coisas que nunca, Crónicas e Alguns Epitáfios), é o nono livro da autora, desenhado de forma pragmática e segura sobre temas em que é fácil rever a sua forma de estar: nostálgica (Há coisas que nunca / tivémos em criança e perdem / o valor para sempre. Aquele sempre / dos primeiros dez anos, onde o tempo, / as pessoas, as coisas / parecem enormes e indestrutíveis [...]), crua (Além de à puta que [nos] pariu, / há quem nos mande / para a cona da [nossa] prima ou / para os cornos do [nosso] avô. Envio / arcaico do sangue e do ódio / dos homens e das mulheres, / herança de que nunca / somos deserdados.), crítica (Emudecer o afe[c]to português? / Amputa a consoante que anima / a vibração exa[c]ta / do abraço, a urgência // tá[c]til do beijo? Eu não nasci / nos Trópicpos; preciso desta interna / consoante para iluminar a névoa / do meu dile[c]to norte.) ou simplesmente terna na memória de felinus queridos (A Maria Tobias era preta / e branca. Na parte branca era / Tobias e era Maria na preta. Morou / connosco cinco anos. No sexto, numa / quinta-feira santa pôs-se a dormir / depois de um longo jejum. Ficaram-nos / nas mãos festas desabitadas e os poucos / haveres: uma malga, uma manta, um bebedouro, / que não lográmos enviar / para a nova morada.).
Para ler com atenção, estas Coisas que nunca que Inês Lourenço debita depois de Cicatriz 100% (Editora das Mulheres, Lisboa, 1980), Retinografias (Editora das Mulheres, Lisboa, 1986), Os Solistas (Limiar, Porto, 1994), Teoria da Imunidade (Felício & Cabral, Porto, 1996), Um Quarto com Cidades ao Fundo (poesia reunida, 1980-2000, com vinte inéditos, Quasi Edições, V.N. Famalicão, 2000), A Enganosa Respiração da Manhã (Edições Asa, Porto, 2002), Logros Consentidos (Ed.& etc, Lisboa, 2005) e A Disfunção Lírica (Ed. & etc, Lisboa, 2007).
M.F.